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Hepatites virais

Hepatites virais

23/AGO/2022

Saúde

No dia 28/07 é celebrado o "Dia Mundial de Luta Contras as Hepatites Virais", data criada em 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre a importância de prevenir e controlar essa doença em todo o mundo. No Brasil, através da lei nº 13.802/2019, instituiu-se o Julho Amarelo, determinando que no mês de julho sejam efetivadas ações relacionadas à luta contra as hepatites virais.

 

As hepatites virais são doenças causadas por vírus que apresentam tropismo primário pelo tecido hepático, com características diferentes de transmissão, gravidade da doença, distribuição geográfica e métodos de prevenção. Essas doenças representam grandes desafios para a saúde pública no Brasil e no mundo devido à alta taxa de prevalência, incidência e mortalidade (2). Por esta razão, no país, os casos dessas infecções são considerados como casos de notificação obrigatória, sendo que, entre os anos de 1999 a 2018, foram notificados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) 632.814 casos confirmados (1).

 

As hepatites virais são divididas em 5 subtipos: vírus da hepatite A (HAV), B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV), pertencentes às famílias, respectivamente, Picornaviridae, Hepadnaviridae, Flaviviridae, Deltaviridae e Hepeviridae (2). Os quadros clínicos das hepatites virais são de amplo espectro, variando desde formas assintomáticas, pré-ictéricas, ictéricas até formas de insuficiência hepática grave. Os sintomas nos casos subclínicos são inespecíficos, mas predominam a fadiga, anorexia, náuseas, perda de apetite e mal-estar geral, enquanto que, nos pacientes sintomáticos, pode-se observar presença de colúria, fezes esbranquiçadas e icterícia (2).

 

Quanto às formas de transmissão, as hepatites virais podem ser classificadas em dois grupos: o grupo de transmissão fecal-oral (HAV e HEV) e o segundo grupo (HBV, HCV e HDV) que possui diversos mecanismos de transmissão. As infecções por HAV e HEV estão associadas às condições sanitárias básicas, de higiene pessoal, da qualidade da água e dos alimentos (1). Já as infecções por HBV, HCV e HDV podem ocorrer via percutânea; no compartilhamento de objetos contaminados (agulhas, seringas, escovas de dentes, alicates de manicure, lâminas de barbear), sexual, parenteral, em acidentes perfurocortantes e por via de transmissão vertical (ocorre no momento do parto) (1).

 

Quanto aos métodos diagnósticos, cabe ressaltar que é sempre feita a associação da clínica do paciente juntamente aos métodos sorológicos disponíveis e específicos para cada tipo de hepatite, sendo os principais marcadores os seguintes: Hepatite A (Anti-HAV IgG, Anti-HAV IgM), Hepatite B (HBsAg, Anti-HBc, Anti-HBc IgM, Anti-HBs, HBeAg, Anti-HBe), Hepatite C (Anti-HCV, HCV-RNA), Hepatite D (Anti-HDV), Hepatite E (Anti-HEV, Anti-HEV IgM) (3).

 

Em relação às medidas de prevenção, é importante destacar que, para os vírus da hepatite dos tipo A e B, existem opções como as vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde gratuitamente. No caso da vacina contra hepatite A, o público-alvo contemplado pelo Calendário Nacional de Vacinação são crianças de 15 meses a 5 anos incompletos ou pessoas de qualquer idade que comprovem situação de imunossupressão, hepatopatias, coagulopatias, etc. Já na vacinação contra hepatite B, brasileiros de todas as idades são contemplados pela campanha, sendo que o esquema vacinal para crianças envolve a aplicação de 4 doses (ao nascer, 2, 4 e 6 meses) e o dos adultos que não se vacinaram na infância envolve a aplicação de 3 doses apenas. Vale ressaltar, também, que os pacientes que se vacinam para hepatite B também se protegem da hepatite D. No entanto, para os outros tipos de hepatite, não há vacinas disponíveis (4).

 

Autores: Comissão de Ensino Médico da Sociedade de Acadêmicos de Medicina de Minas Gerais (SAMMG) - Bruna Duarte e Victor Pereira

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. HEPATITES VIRAIS 2019. Boletim Epidemiológico [bibliography on the Internet], 2019. Brasília, DF. [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-de-hepatites-virais-2019.  

2. Ministéro da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. MANUAL TÉCNICO PARA O DIAGNÓSTICO DAS HEPATITES VIRAIS [Internet. 2018 [cited 2022 Jul 12]. Available from: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/manual-tecnico-para-o-diagnostico-das-hepatites-virais. 

3. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Hepatites Virais, 2007. [cited 2022 Jul 12]. Available from: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0044_M2.pdf>.

4. Ministério da Saúde. Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Hepatites Virais: causas, sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento. Espírito Santo, 2022. [cited 2022 Jul 13]. Available from: <https://saude.es.gov.br/hepatitesvirais>.