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Conscientização e combate ao glaucoma

Conscientização e combate ao glaucoma

09/MAI/2022

Saúde

O glaucoma é a causa mais comum de cegueira irreversível em todo o mundo. Sendo assim, às vésperas da importante data, 26 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, é de suma relevância falarmos sobre esse tema. Trata-se de uma neuropatia óptica progressiva e crônica que causa danos ao nervo óptico e à camada de fibras nervosas da retina, podendo levar à perda permanente da visão periférica e/ou central. (1) Apesar da patogênese não estar totalmente elucidada e uma maior atenção ser dada ao papel da pressão intraocular (PIO), diversos outros fatores são relevantes nessa afecção multifatorial, como fluxo sanguíneo ocular anormal, suscetibilidade estrutural anormal da lâmina cribrosa, pressão intracraniana baixa, autoimunidade e disfunção mitocondrial (2).

 

Na maior parte dos casos, a patologia costuma ser assintomática em suas fases iniciais, isto é, o paciente não apresenta queixas visuais, tendo uma evolução insidiosa com acometimento de ambos os olhos, embora geralmente de forma assimétrica. (3) De acordo com a progressão da doença, é esperado primeiramente o surgimento de escotomas na periferia do campo visual, em seguida à perda da visão periférica e, por último, a completa tunelização do campo de visão. Nesse contexto, ressalta-se a relevância de consultas preventivas oftalmológicas a fim de realizar diagnósticos precoces, uma vez que, o aparecimento dos primeiros sintomas já pode implicar em um déficit irreversível da visão. (3) Na consulta clínica, o tonômetro de aplanação Goldmann é amplamente considerado como o padrão de referência (2).

 

Aliado a isso, é importante identificar potenciais fatores de risco para doença, sendo o aumento da pressão intraocular (>21 mmHg) um dos mais relevantes e o único passível de ser modificável. Outros fatores marcantes incluem a idade avançada, história familiar de glaucoma e a etnia negra. (3) Porém, condições sistêmicas também devem ser consideradas, a saber distúrbios do sistema imune (sarcoidose, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico), doenças infecciosas (toxoplasmose, sífilis) e desregulações endócrinas (diabetes, síndrome de Cushing) são predisponentes da doença. Por fim, mas não menos importante, deve-se ter em mente que corticosteróides podem elevar a pressão intraocular, e como consequência, também contribuir para o desenvolvimento de glaucoma nos pacientes que fazem seu uso. (1)

 

Em relação à classificação, os termos glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) e glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF) são usados para descrever o estado anatômico do ângulo da câmara anterior. Dentre esses, o de ângulo aberto é o mais comum e de melhor prognóstico; o de ângulo fechado, por outro lado,  apresenta-se com menor frequência, mas tem pior desfecho clínico. (2)

 

Para a realização do diagnóstico, somente a tonometria (medida da pressão intraocular) não é suficiente, sendo necessário também o estudo da morfologia da papila óptica (fundoscopia) e o estudo do campo visual (perimetria). (4) Essa avaliação deve ser indicada a todos os pacientes que possuem pressão intraocular > 21 mmHg ou algum fator de risco importante. (3) No que tange ao tratamento, deve-se ser iniciado com o uso de fármacos tópicos (colírios) redutores da pressão intraocular. Para esse propósito existem várias substâncias com efeito semelhante, mas os betabloqueadores devem ser a primeira escolha visto sua redução média de 30% da pressão intraocular. Caso a pressão alvo não seja atingida, o paciente seja intolerante a terapia farmacológica ou a doença continue a progredir, pode-se também utilizar recursos cirúrgicos e procedimentos à laser. (3)

 

Portanto, a melhor maneira de prevenir o glaucoma é por meio das consultas de rotina ao oftalmologista. Tratando-se de uma doença crônica e sem cura, é imprescindível realizar o seu controle com o uso de medicamentos adequados a fim de normalizar a pressão intraocular e impedir a perda de visão consequente à progressão do quadro.

 

Autores: Comissão de Ensino Médico da Sociedade de Acadêmicos de Medicina de Minas Gerais (SAMMG) - Haine Luísa Ribeiro e Mariana Almeida Botelho.

 

 

Referências bibliográficas:

1- Stein JD, Khawaja AP, Weizer JS. Glaucoma in Adults—Screening, Diagnosis, and Management: A Review. JAMA. 2021;325(2):164–174. doi:10.1001/jama.2020.21899 [cited 2022 April 22]. Available from: https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2774838

2- Kang JM, Tanna AP. Glaucoma. Med Clin North Am. 2021 May;105(3):493-510. doi: 10.1016/j.mcna.2021.01.004  [cited 2022 April 22]. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33926643/

3- Weinreb RN, Khaw PT. Primary open-angle glaucoma. Lancet. 2004 May 22;363(9422):1711-20. doi: 10.1016/S0140-6736(04)16257-0 [cited 2022 April 22]. Available from: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(04)16257-0/fulltext

4- Tan, Nicholas Y.Q.a; Friedman, David S.b,c; Stalmans, Ingeborgd; Ahmed, Iqbal Ike K.e; Sng, Chelvin C.A.a,f Glaucoma screening: where are we and where do we need to go?, Current Opinion in Ophthalmology: March 2020 - Volume 31 - Issue 2 - p 91-100 doi: 10.1097/ICU.0000000000000649 [cited 2022 April 22). Available from: https://journals.lww.com/co-ophthalmology/Fulltext/2020/03000/Glaucoma_screening__where_are_we_and_where_do_we.4.aspx?casa_token=A2NQXLEsV9UAAAAA:WXiuvpwtLsHdJ5TiFkYULj1j9mYyUPII1H9KFJHkBQW3uQ7-FDrs_RLnrGqpTPGcyJB1bAb6Z67zyaNq5j79PvSp-mTfXpt8MgCbMDA