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Complicações da COVID-19 no período gestacional

Complicações da COVID-19 no período gestacional

02/MAI/2022

Saúde

Ao final do ano de 2019, a sociedade chinesa lidava com um surto do que parecia ser um novo vírus na região de Wuhan. Algum tempo depois, foi descoberto que o microrganismo em questão se tratava do SARS-CoV-2, causador da COVID-19, patologia que viria a ser o motivo de um surto epidemiológico em todo o mundo, resultando no decreto de um estado de pandemia.

 

Atualmente, com o avanço da ciência em relação ao manejo desta doença, podemos dizer que estamos muito mais bem munidos de informações e recursos para o enfrentamento dela. Nesse sentido, é de conhecimento geral a existência de grupos de risco para a COVID-19, bem como o fato deles serem prioridade para vacinar dentro do Programa Nacional de Imunização. Um dos grupos englobado nesses critérios é o de gestantes e puérperas (1). Muito se sabe sobre as complicações clínicas da COVID-19 em geral, no entanto, as consequências da infecção pelo vírus em gestantes ainda estão sendo estudadas, tanto para o bebê, quanto para a mãe em si. Sob tal ótica, cabe enfatizar as informações já atestadas pela ciência até o momento sobre o tema em questão.

 

Em relação às gestantes, já foi comprovado que, caso infectadas, elas terão mais chances  de desenvolver uma forma grave da doença. Em outras palavras, as gestantes positivas para COVID-19 apresentam maior probabilidade de necessitar de hospitalização, internação em UTI e ventilação mecânica do que as não gestantes (2). Além disso, abordando as complicações da própria gravidez em resposta ao vírus, é possível afirmar que a possibilidade de haver parto prematuro com necessidade de cesariana de emergência aumenta significativamente em comparação com gestantes não infectadas (3). É importante, também, ressaltar outros riscos que são aumentados nos casos de contaminação durante a gestação, como as chances do desenvolvimento de pré eclâmpsia e consequências relacionadas ao feto, tais como baixo peso ao nascer, morte fetal intrauterina e a possibilidade de admissão em UTI neonatais (4). Cabe destacar, ainda, que os casos de transmissão vertical do vírus (da mãe para o bebê) são extremamente raros e que, felizmente, a transmissão de anticorpos da mãe contra COVID-19 pela placenta é comum (4). Sendo assim, a vacinação contra a COVID-19 em gestantes e puérperas é intensamente incentivada, já que promove a imunização ativa da mãe e, indiretamente, induz a imunização do bebê por via passiva, seja por via placentária ou por meio de anticorpos presentes no leite materno (4).

 

Nesse contexto, vale salientar que já foi comprovado que as vacinas não trazem prejuízos para a gestação em curso ou para as gestantes/puérperas que as tomam (5), sendo imprescindíveis para a manutenção da imunidade contra a COVID-19 neste grupo de risco e, também, para o controle do surto, epidemiologicamente falando. A única contra-indicação estrita para gestantes e puérperas em relação a qual vacina tomar aborda que devem ser evitadas as vacinas de vetor viral, sendo assim, AstraZeneca e Janssen não são recomendadas para este grupo (6).

 

Em suma, destaca-se a importância de se consumir informações de fontes confiáveis em um cenário de pandemia, especialmente se tratando de pessoas contempladas pelos grupos de risco. Em uma situação como esta, deve-se tentar se manter informado sempre, já que as informações mudam a cada dia com novas descobertas. Paralelamente, fica evidente o papel de relevância que o avanço da biotecnologia tem no cenário atual para a prevenção e controle de infecções virais, já que finalmente estamos conseguindo atingir um estado próximo da normalidade graças à campanha de vacinação em massa. Dessa forma, é perceptível a necessidade do incentivo à vacinação, especialmente em mulheres gestantes e puérperas, a fim de minimizar prejuízos à saúde destas e de seus respectivos bebês, bem como de alcançar um estado de controle da pandemia.

 

Autores: Comissão de Ensino Médico da Sociedade de Acadêmicos de Medicina de Minas Gerais (SAMMG) - Bruna Duarte e Victor Pereira

 

 

Referências bibliográficas: 

1- Ministério da Saúde. ATENDIMENTO E FATORES DE RISCO [bibliography on the Internet]. Brasília, 2021 [cited 2022 Apr 10]. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/atendimento-tratamento-e-fatores-de-risco

2- Centers for Disease Control and Prevention. Pregnant and Recently Pregnant People at Increased Risk for Severe Illness from COVID-19 [bibliography on the Internet]. USA: [publisher unknown]; 2022 [cited 2022 Apr 10]. Available from: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/need-extra-precautions/pregnant-people.html

3- Marchand G, Patil AS, Masoud AT, et al. Systematic review and meta-analysis of COVID-19 maternal and neonatal clinical features and pregnancy outcomes up to June 3, 2021. AJOG Glob Rep. 2022 [cited 2022 Apr 13]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8720679/

4- Jamieson DJ, Rasmussen SA. An update on COVID-19 and pregnancy. Am J Obstet Gynecol. 2022 [cited 2022 Apr 14]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8438995/

5- Blakeway H, Prasad S, Kalafat E, et al. COVID-19 vaccination during pregnancy: coverage and safety. Am J Obstet Gynecol. 2022 [cited 2022 Apr 15]. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34389291/

6- Ministério da Saúde. Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19. NOTA TÉCNICA Nº 65/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS [bibliography on the Internet]. Brasília, 2021 [cited 2022 Apr 15]. Available from: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/211220-nt-secovid-gab-secovid-ms-antecipacao-refoco.pdf